quarta-feira, 19 de dezembro de 2012


Feliz de quem o pensar não é penar;
Ah Deus! Se eu mesmo me perdoasse;
Mas não! Sentencio-me a na vida arrastar-me;
Sou-me réu, juiz e carrasco;
Penitente, que ao fogo lançado;
Das minhas próprias paixões;
Em chamas ardo, tendo preço pago;
Sou por mim acusado, julgado, culpado;
Apedrejo-me das injurias que proferi;
Tenho a pele arrancada, carne rasgada;
Dos gestos, palavras, outrora lançadas;
- Ai de mim! Redenção! Ai de mim!
Aos céus e a mim brado! Clamo! Perdão!

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012



Emprega-se

No prego, o emprego;
Empregado, é qual o da cruz, fixo!
Qual é do crucifixo o emprego?
Em prego, prego o emprego;

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012


Quantas coisas se passam por amor;
Quanta ternura, quanta dor;
Quanto desacreditamos do amor;
Sem ao menos sabê-lo;
Sem ao menos vivê-lo;
Não se cogita o amor,
Não se mede, se raciocina;
Só vive-se o amor;
E só se vive o amor, amando;

domingo, 18 de novembro de 2012

“Sobreviver individualmente e vencer coletivamente”, máxima da guerra que pode ser aplicada muito bem a qualquer modo de vida. Todavia, quando invertem-se as variáveis dessa função temos tempos como os atuais, tempos de fraquezas aliadas a uma competição vil.

sexta-feira, 16 de novembro de 2012


Penso em diversos versos;
Certo de incertos inversos;  

terça-feira, 13 de novembro de 2012


Noite, velha conhecida;
Hoje não sou mais insone;
Curar-me da noite foi curar-me de pensar;
Distraio-me à luz do dia e chamo isso de viver;
Mas estou sim é farto de morrer;
Cessam-se as luzes e temos só à noite;
Cessam-se as sobras e temos ainda mais noite;

terça-feira, 6 de novembro de 2012


Gente, gente e mais gente... Estou farto!

Se tratando do exercício social torno-me cada dia mais sedentário. Não tenho praticamente nenhum interesse na grande maioria das pessoas, a mesquinharia, a vaidade torpe, a estreiteza de mente e de espírito me aborrecem de forma tal que tornam-se insuportáveis, e em resposta torno-me pior que todos.

Deus! Fazei um favor aos homens! Mostrai-nos a nossa insignificância!

Nossa glória não é nada, nosso sofrimento não é nada, nossa felicidade não é nada. Somos mortais, pateticamente mortais.

Um homem só, é um lamento. Vários, uma tragédia.  


quinta-feira, 1 de novembro de 2012


II

Dentro da noite solitária;
Eis que você me aparece, nua;
Sinto, toco, beijo seus seios;
Suavemente sinto seu rubor, acaricio seu pudor;
Te beijo e percebo que somos um só, por inteiro;
Mesma respiração, mesmo movimento;
Neste momento de excitação;
Sem ensejo eis que dentro de você, me tenho;
Mas não sem paixão, sem certa veneração;
Tempo que lhe pertenço, e lhe tenho;

(João Baptista de Lima Guimarães)

quarta-feira, 24 de outubro de 2012


I

De que vale julgamentos, consciência?

De que me serve o certo ou errado?

E para nós? De que isso vale?

Mal pode um homem contra sua própria atitude;

Mal pode um homem contra suas próprias ações;

Que pode o homem contra sua própria vontade?

Ele não a beija, mas sente seus lábios;

Ele não a toca, mas sente seu calor;

Que serve fechar os olhos? Se seu perfume me invade?


terça-feira, 25 de setembro de 2012


Nada sei sobre a vida, tampouco sobre a morte.

Porém, não acho que exista um céu, ou inferno, ao menos não da forma como por ai se imagina.

A morte, como penso, é sim uma libertação.

Eternos, portanto imortais, seríamos.

Perderíamos todo e qualquer medo que a própria morte pode nos causar. O desapego da vida nos faria livres.

Não haveria vaidade, já que não haveria mais corpo. Seja lá o que viramos tenho que não teríamos essa forma atual, tampouco algo semelhante.

Quiçá viramos um éter, e junto com outros éteres não saberíamos onde começa e termina nossa individualidade, portanto, nada mais que se preocupar com territórios com segurança. Estaríamos presentes em todos os locais, todo o tempo.

O que tenho comigo também é que não existe tempo para o que se é eterno, e julgo que uma vez mortos seríamos enfim eternos.

Acho que a morte, por fim, nos faz sábios.

E acho que a morte é o mais perto que chegamos da imortalidade.

(JB.Guimarães)

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Se pudéssemos ignorar o tempo da mesma forma que ele nos ignora, talvez fossemos mais felizes.

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Conheço eu a você?

Conhece você a mim?

N’algum dia, nos conheceremos?

Apostadores...

Qual o prêmio dessa partida?

Só a emoção da contenda?

Quantas partidas teremos?

Há quem se encontre na vitória;

Mas há os que amam apostar;

(João Baptista de Lima Guimarães)

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Sinto, muitas vezes, saudades de quem fui.

Apego-me a promessa da vida eterna, da remissão dos pecados, do perdão divino, mas de que me vale o perdão dos céus, se eu mesmo não me perdoo?

Uma parte de mim morreu, e tenho que foi a melhor parte.

Hoje a minha existência resume-se a uma insistência diária, ou preguiça de qualquer coisa outra.

Meus dias são uma tentativa vã de reconstruir o palácio que antes habitava, mas qual ofício de Sísifo, cada pedra posta, é pedra que torna a cair.

(João Baptista de Lima Guimarães)

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Que posso eu dizer do amor?

Se soubesse, juro! Falaria;

Mas a mim o amor sempre fora matéria bandida;

Qual ilusionista, que sempre me enganou;

Ainda queres que eu fale do amor?

Pois bem, das minhas suspeitas discorrerei;

Digo que o amor é um perfume;

Perfume que instiga, invoca e provoca;

Um perfume que quando sentido dá vontade de sair porta afora;

Sair sem demora, atrás do seu amor;

O amor é um tipo especial de sorriso;

Sorriso que não conseguimos lembrar sem sorrirmos também;

É mesmo um olhar, que quando olhamos nos temos a sonhar;

O amor é uma saudade danada, só saciada quando junto do amor;

O amor é a graça na fala da pessoa amada;

Também é silêncio, que sempre muito diz;

Pois compreender o silêncio, é só de quem ama;

Amor é um beijo, beijo tão desconcertante;

Que faz do antes, lugar nenhum;

Amar é do homem, que no fundo o que busca;

Já diria o poeta, é mais e mais amor;

(João Baptista de Lima Guimarães)

segunda-feira, 16 de julho de 2012

A memória nunca é plena, a mim não basta;
Imersa em nuvens, névoas, imagens tornam, provocam;
Por mais que eu tenha ainda teu olhar, já não sinto teu perfume;
Por mais que eu sinta tua pele, já não tenho teu calor;
Imagens disformes, que não posso tocar;
Mas o pensamento vaga, e nas lembranças espaças;
Na imaginação! Por você instigada;
Nos tenho em palavras, toques, beijos;
Suspiros, anseios. Deus! Quantos devaneios...

(João Baptista de Lima Guimarães)

sexta-feira, 13 de julho de 2012

O homem, mesmo acompanhado, deve aprender a conviver com a própria solidão. É questão de sobrevivência e principalmente de nobreza.
(João Baptista de Lima Guimarães)


quarta-feira, 11 de julho de 2012

Pode sim o homem aprender a lidar com o próprio sofrimento, todavia, não pode o mesmo evitar causar sofrimento a outrem.
Conhecendo-se o homem causa e vítima de dor, como pode o mesmo cogitar a felicidade?
(João Baptista de Lima Guimarães)


Espelho




A culpa? A culpa é dos políticos! Safados corruptos!

Sim! É! É sim! Eeee... Eu sei! Somo nós que os elegemos! Mas... mas... É a mídia que nos faz a cabeça! Ela que nos manipula!

Ademais as escolas estão horríveis! Querem o povo ignorante! É mais fácil de manipular e eles continuarem no poder!

... Ah! Eu não sou nenhum esclarecido, mas sei que só tem corrupto! Todo mundo quer é tirar proveito, entrar na jogada. Todos podres!

Eu? Ora! Que poderia eu fazer?

Na certa me teriam por ridículo, não me dariam ouvidos...

Que posso contra essa turba toda? Nada! Nada! Não tem mais jeito! O negócio é ter o que comer, garantir uma vida boa... É! O futuro é pra essa juventude que vem ai.

Pare! Pare de falar! Não sou um covarde! Mas também não sou maluco! Quer o quê? Que saia gritando na rua? Pegar em armas? Até parece!

Me deixe em paz. Em paz! Vá procurar o que fazer. Só me deixe em paz...



(João Baptista de Lima Guimarães)
Ciência alguma nos ajudará em nada, se não houver sabedoria;


Todavia, tendo sabedoria, não precisamos de ciência alguma;

(João Baptista de Lima Guimarães)

Ah minha cara! Eu vou morrer! Assim como você, cedo ou tarde iremos morrer;


Seja hoje, amanhã, daqui a 100 anos, mas os golpes da fatalidade se farão sentidos;

E no fato de sermos mortais reside toda a seriedade do mundo, minha cara;

E por ser a morte tão séria, só nos resta levar a vida com graça;

(João Baptista de Lima Guimarães)

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Perfume que tanto me embala, me leva, me traga;

Sussurro ao teu ouvido e minhas mãos vagueiam, curiosas;

Teu olhar me provoca, teu suspiro me instiga, fascina;

Toco teus cabelos, teu pescoço, teu colo, teus seios;

E minha mente, meu corpo, se perdem em anseios;

De descobrir o teu gosto, teus gestos, teu cheiro;

Conhecer teus segredos;

Ah minha cara! Desse jeito turvas meu pensamento!

Sinto tua pele, sem saber mais quem sou;

Toco você, mas é minha mente que balbucia;

Exalas teu perfume, mas sou eu quem embriaga;

Veja! Que um beijo apaixonado nunca é feito sozinho;

Nossos momentos, minha cara, soam como infinitos;

(João Baptista de Lima Guimarães)

quarta-feira, 4 de julho de 2012

Poetas não sabem escrever, poetas sabem é como sofrer.
Seja seu próprio sofrimento, ou de outrem.


Ficar bem? Não, não me peças isso;


Infelizmente, talvez por castigo da Providência não tenho como ficar bem estando bem;

Sou qual o guerreiro tombado na Normandia;

Velho, louco paraquedista;

Que no final do seus dias;

Aos céus, pediria;

Deus! Dai-me sim a coragem! A força! E a fé!

(João Baptista de Lima Guimarães)
Carrego comigo uma melancolia danada;


Certa feita, tentei arrancá-la de mim,

Qual espanto foi quando notei que no gesto fora eu mesmo arremessado de mim.

Enxotado do meu próprio eu percebi, que sou sim, melancolia em si.

(João Baptista de Lima Guimarães)

Da vida sou mero espectador que dormiu em boa parte do espetáculo e tenta entender a loucura do autor...


segunda-feira, 25 de junho de 2012

Tenho que quando o sol se põe é que as flores desabrocham;
Afinal, ao fim do dia é que tenho a primavera;
Passo o dia entorpecido, guiado pelo perfume;
De flor única, que vislumbro ao horizonte;
E por ter também a claridade consciência;
De não precisar iluminar quem o caminho encontrou;
Parte então o sol, e nos ilumina a lua;
Única luz de que precisam os apaixonados;
(João Baptista de Lima Guimarães)

terça-feira, 19 de junho de 2012

Eu? Ah! Eu não faço parte de nada disso;
Não, eu não quero estar onde todo mundo quer estar;
Não me apetece também chegar aonde eles querem chegar;
Tampouco me sinto bem nos lugares onde esses que se dizem diferentes estão;
Na verdade, querendo ser tão diferentes se tornam tão iguais aos que não querem ser iguais;
Talvez a culpa seja do querer... É um denominador em comum.

(João Baptista de Lima Guimarães)
Carta para Sophia

Sabe Sophia, eu realmente gostaria de ter um mundo melhor para lhe apresentar.

A primeira vista você vai chegar a um paraíso tecnológico, chegamos ao ponto de dobrar a natureza para atender nossos caprichos. Vencemos distâncias terrenas e já nos atrevemos a postular sobre o infinito, seja ele no macro ou microcosmos. Olhando assim, somos até digno de certo mérito.

Avançamos sim! É fato! Porém não sem nos perdemos de nós mesmos. Desejamos felicidade e esperamos encontrá-la, entretanto, não temos a mínima ideia do que ela é, muito menos do caminho a seguir. O que fazemos então é aceitar, por preguiça ou ingenuidade, as fórmulas que nos são dadas. E sabe Deus por quem criadas...

Temos fórmulas para tudo. Basta seguir a fila, há lugares, modas, jeitos e trejeitos de ser sério, há lugares e formas de ser louco, e há carreiras e espaço para cada um, e para todos. Mas isso só se você quiser seguir a fórmula e não ousar ser diferente.

Nos tempos de hoje o pensamento é livre, mas somente se levar as mesmas conclusões de todos.

Sophia, o que tenho é um mundo onde as palavras que definem o homem são: câncer, depressão, ataques cardíacos, carência e consumismo. Certamente você vai se deparar com isso, acho improvável que o mundo mude quando você estiver na idade de discernir as coisas. Mas quando lá chegares Sophia, de frente a fila, a constante da fórmula, pense sobre qual opção tomar.

Lembre-se: O mundo só é nosso quando o tomamos para nós, vão querer lhe ditar tudo, suas roupas, seu linguajar, suas músicas, com quem falar, o que gostar, o que criticar, mas nunca deixe que sonhem por você!

Eu desejo para você uma boa infância, que brinque, tome chuva, corra, cante, se machuque, que seja criança. Não substitua isso pelas quinquilharias tecnológicas que vão lhe arrodear.

Quando virares moça, viva intensamente seus romances seus amores. Há de sofrer, que é da juventude sofrermos por amores platônicos, porém também partimos corações desavisados, é da vida. E sê ingênua quando amares Sophia! Só atingimos a plenitude no amor quando somos ingênuos.

Faça o que gosta, estude o que gosta, trabalhe no que gosta, converse sobre o que gosta com pessoas que gosta, case-se com quem você gosta, viva o que gosta e busque sempre isso na sua vida. Todavia, tenha em mente que nem sempre isso será possível, porém, não se desespere nem se aflija, é assim mesmo.

A vida passa por nós assim como passamos por ela, e assim estamos nessa valsa até o momento que partimos. E fatalmente partimos! Por isso, quando estiveres imersa na loucura que a vida lhe impuser, olhe a sua volta e dê risada, porque só o que é poesia vale a pena.

 Enfim Sophia, sê feliz!

 (João Baptista de Lima Guimarães)

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Sonho (Prelúdio)

Sei que sonho, todavia, não deixo de me perguntar se quem vejo não é mesmo você;
E se você aqui está, dentro do meu sonho, não estaria você também a sonhar?
E se estamos ambos a sonhar o mesmo sonho, de quem será?
Sonho meu? Sonho seu? despertar?
Não, não quero mais acordar!
Prefiro a realidade assim, sonhada.

(João Baptista de Lima Guimarães)

segunda-feira, 4 de junho de 2012



Provocações

Sim! Eu tenho tempo!
Eu posso lhe ouvir!
Eu cheiro flores nos parques!
Dou risada dos pássaros nas praças!
Risadas! Imagine!
Sinto a chuva no rosto!
Sim! Eu! Eu mesmo!
Passo a noite contemplando a lua!
E quando percebo o sol está a nascer!
Passo horas inteiras sem fazer nada!
Ouviu? Absolutamente nada!
E você? Não pode nem cogitar isso...
O quê você vai fazer?
Revolver-se em ódio?
Tomar remédios?
Sinceramente, querendo, poderia até ser feliz!

(João Baptista de Lima Guimarães)

E se todas as verdades fossem mentiras?
E se todas as mentiras se descobrissem verdades?
E se toda a certeza firmada fosse dúvida?
E a dúvida fosse nossa única certeza?
E se toda a bondade fosse odiosa?
Simplesmente por não ser bondade?
E toda a perversidade adorável?
Só por ser humanidade?
E se toda razão fosse embriaguez?
E toda loucura sobriedade?
E se fosse Deus o diabo?
E o próprio diabo sagrado?
E se fosse o amor um horror?
E o próprio horror digno de louvor?
E se tudo aqui escrito fosse verdade?
Ainda sobraria coragem?
A sorte é que só escrevo bobagens...
(João Baptista de Lima Guimarães)

domingo, 3 de junho de 2012


Capítulo I
Ivan Coimbra

Era uma boa família, moravam em casa própria, tinham automóvel e vez por outra se permitiam sair para um e outro jantar e até uma e outra viagem, bem raras e espaçadas, é verdade, destas que fazemos para ver parentes que mal conhecemos ou quando algum resolve-se ir tentar a sorte noutros planos, ou qualquer outro lugar que a providência ache cabível. Era uma vida pacata, sempre a fora, destas que dão sono de ver e de viver.

Falemos então do nosso personagem, seu nome, que ele tanto gostava e se orgulhava, era Ivan, Ivan Coimbra. De boa educação, olhos negros, intensos, e cabelos hoje não tão negros, nem tão intensos. A natureza se enjoa rápido dos homens, teima em mudar-lhes e muitas vezes para pior com o passar do tempo. Não era lá muito alto, mas não o tenha por baixo, era de estatura dita mediana. Um tanto taciturno, porém sem nunca perder a gentileza, Ivan era dono de um sorriso agradável, por mais que o economizasse.

Gostava de boa leitura, de boa comida, de boa música, de bons vinhos, de bons filmes e de boa companhia, o mais difícil de encontrar diga-se de passagem. Já na juventude se aborrecera com seus pares, preferia estar com os mais velhos, sabia mais dos costumes dos que antes dele vieram do que propriamente os da sua época. E vos digo leitor, sou da opinião de que fez bem nosso personagem, pouco ou nada se aproveitava daqueles tempos, tampouco daquelas pessoas.

Quanto ao Ivan como pessoa, posso dizer que este era de fácil trato até o momento que se tornava íntimo, Ivan era um artista quando o queria, cativava facilmente com um jeito amável e doce, sempre solicito, sorriso estampado, todavia, somente com o tempo e alguma observação se poderia compreender quem realmente era Ivan.

terça-feira, 29 de maio de 2012

Sandices




Pedrinho, certo dia, chegou e perguntou a sua mãe.
-Mãe!
Diga Pedrinho, disse a senhora.
-Mãe, você me ensina a pensar?
A mãe, sem dar muita bola a Pedro respondeu querendo se livrar do garoto e voltar aos seus afazeres.
Ah Pedro! Vá amolar seu pai que não está fazendo nada e me deixe terminar o almoço!
Pedrinho então chega ao pai que lia o jornal.
-Pai! A mãe falou pra eu vir pedir pra você me ensinar a pensar.
O pai olha para o filho, sem saber muito o que dizer e depois de voltar-se ao jornal diz: - Ah Pedro! Por que você não vai brincar com seus amiguinhos?
Pedro sai porta afora desolado, enquanto chutava pedras encontrou o padre Inácio pelo caminho.
-Padre! Sua benção.
-Deus te abençoe criança, como vai?
-Vou bem padre, mas queria te pedir uma coisa.
-Pois diga pequeno.
-Padre, o Sr. me ensina a pensar?
O padre pegou o crucifixo que sempre carregava no bolso e voltando-se aos céus pediu pela alma do pobre garoto, afinal, Deus sempre fora pelos pequeninos.
Depois de uma longa caminhada Pedrinho encosta em uma árvore e adormece. Quando de súbito e de susto acorda, assustado olha pela janela do quarto do hospital onde está internado, ao lado a enfermeira o chama e prepara sua medicação diária. Pedro hoje tem 86 anos.
Pedro então lembra-se da última conversa que teve com seu avô, pouco antes do mesmo morrer.
-Vovô! O Senhor me ensina a pensar? Ninguém quer me ensinar.
O avô, com um sorriso que lhe era peculiar responde ao garoto:
-Meu filho, todos lhe querem bem...

(João Baptista de Lima Guimarães)

quarta-feira, 23 de maio de 2012


Tempos de paz

Não, a providência não lhe quer em paz;
Vai! Levanta! Valente, ginete guerreiro!
Veste tua armadura, empunha teu fuzil!
Cobre os olhos com o ódio;
Encharca a mente com o sangue;
Enverga teu estandarte;
Que a batalha a frente clama;
Guerreiro! Homens de guerra nunca encontram a paz;
O mundo é o mais perverso tabuleiro de xadrez;
Veja! A frente a nuvem de fumaça já levanta;
É cheiro de combate, é cheiro de vitória;
Marche guerreiro, marche;
Ao lado de César, Aníbal, Napoleão e Alexandre;
Marche guerreiro, marche;
Que não é do mundo ter bondade;
Soldado! Não se esqueça;
Honra!
Glória!

(João Baptista de Lima Guimarães)

terça-feira, 22 de maio de 2012


Somos pó, nada além de pó;
Pior, somos menos do que o pó;
Que o pó, ainda é observado por nós;
Todavia, o pó é totalmente indiferente a nós;
(João Baptista de Lima Guimarães)

Fico pensando o que seria a imagem que temos de Deus. Sim, porquê existindo ou não, o mesmo seria incompreensível a pífia razão humana.
Deus nos aparece como entidade perfeita, dotada de justiça infalível e bondade infinita, características humanas que todavia nem de longe conseguimos praticar.
Por projetarmos em Deus as nossas próprias possibilidades, o que tanto gostaríamos mas nunca conseguiremos ser, tenho a impressão que por vezes o invejamos.
Seria do homem invejar o criador?
Soa como pecado, não? O homem querer ser Deus e não o poder.
Ao meu ver esse sentimento nos aproxima sim é do diabo, o decaído que por um sentimento humano foi arremessado dos céus. Afinal, o que é mais humano do que a vaidade?
Da mesma forma que Lúcifer, também fomos expulsos de um local de deleite, pelo visto o trauma nos fez mais parecidos do que imaginávamos.
(João Baptista de Lima Guimarães)

quinta-feira, 17 de maio de 2012


O apaixonado não quer saber quanto tem na conta;
Falta de dinheiro resolve-se com sentimento;
Para o homem apaixonado, o homem é sempre bom;
Sabe que toda a miséria é digna de compaixão;
Que toda ostentação é tolice;
Que problemas simplesmente não existem;
O apaixonado é tolo, acredita na bondade;
Presente pra ele é o sol, a lua;
Banquete são frutas;
O apaixonado só vê o melhor em tudo;
Apaixonado, é o homem perto de Deus;
(João Baptista de Lima Guimarães)

terça-feira, 15 de maio de 2012

Há pessoas que veem o mundo como números;

Há os que veem apenas como problemas;

Também há os que nada veem;

Eu tento ver não de forma boa, ou ruim;

Tento ver o mundo como poesia;

(João Baptista de Lima Guimarães)

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Que o mundo é mesmo redondo, não há dúvidas.

Espanta-me sim o homem ter levado tanto tempo para constatar o fato.

Ora! E por acaso chegamos a algum lugar diferente?

Quem pode dizer: Eu fiz diferente! Errei por terras nunca antes idas!

Sim, por mais que andemos, caímos nos mesmos lugares, sofremos as mesmas dores e nos enganamos da mesma forma.

Mesmo em uma só vida, quem dirá: Aqui nunca antes estive!

O mundo gira meu caro, só gira;

E girando nos temos sempre nos mesmos lugares;

Nos mesmos termos, nos mesmos erros;

Ah! Pudera sairmos pela tangente;

Arremessados ciclo afora, erraríamos universo afora;

Erraríamos! E enfim saberíamos se errar é mesmo humano;

(João Baptista de Lima Guimarães)

quarta-feira, 9 de maio de 2012

Metrópole (prelúdio)




A metrópole impõe-se;

Filha do homem, incestá-o;

Engole-o e profana-o

Sim, olhe a sua volta;

O que há senão metrópole?

A cada par de metros;

Só ferro, concreto e aço;

Não há mais vista;

Não há mais vida;

Tudo é cinza;

A metrópole nos consome;

(João Baptista de Lima Guimarães)

terça-feira, 8 de maio de 2012


Viver é irresponsável!
Sentir é irresponsável!
Amar é uma tolice!
Ser amado é uma sandice!
Como pôde o criador;
Trazer ao homem a dor;
E disfarçá-la em brios de amor?
Ser amado é qual um crime;
Amar é uma crendice;
Sentir é intolerável;
E o que foi dito, contestável...

(João Baptista de Lima Guimarães)

terça-feira, 1 de maio de 2012


Quando vieres, por favor, venhas nua;
É! Nua! Tire os casacos pesados de tanto passado acumulado;
Livra-te desta maquiagem, só de vaidades, e mostra tuas rugas;
Mesmo estes acessórios, que em vão tentam me distrair de você;
Não, não precisas de salto, venhas sentindo o chão com os pés;
Solte teus lindos cabelos, para que só o vento os penteie;
Sem camisolas, lingeries, teu tímido olhar já é pudor;
Nada, nada de vestes, nada de marcas, nada de nada;
Venhas vestida de si mesma, apenas;

(João Baptista de Lima Guimarães)




domingo, 22 de abril de 2012

Fabular

São quimeras que levam ao poeta;
Embalado por sonhos de distantes encontros;
A ajuizar, refletir, errar e a atentar;
Contra sua própria razão, então bastião;
De toda sua afirmação, conclusão, solução;
A fim de se libertar, a pensar e a imaginar;

Qual seria a graça dos gestos teus;
Qual perfume deixas quando passas;
 Quais mistérios escondem teu sorrir;
Que te leva a ter timidez no olhar;
O que te faz corar, perder o ar;
E te leva a enternecer, a comover;
Qual sabor teria o vinho junto a ti;
De que tanto riríamos, a gargalhar;
Quais assuntos nos fariam calar;
Para que os olhos fossem denunciar;
E fica poeta a pensar, a devanear;

 (João Baptista de Lima Guimarães)

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Sinceramente, só tenho certeza das coisas que posso duvidar; Sou a favor das revoluções que destituem a ordem, mas só se houver ordem nas revoluções; Acredito no Deus que é pelos ateus e fruto da imaginação dos crédulos; Creio na vilania da nobreza humana; E bem acho que o amor é o capricho mais necessário ao homem; (João Baptista de Lima Guimarães)

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Tudo, meu caro, carece de sentido;
Somos apenas banalidades de um mundo vil e pueril;
Apenas bestialidades, frutos de uma vida hostil;
Julgamo-nos humanidade! Por Deus, somos só covil;
(João Baptista de Lima Guimarães)

domingo, 15 de abril de 2012

És tu sim poema!
O que dizeres hão de ser poemas!
Pois teus gestos são poemas!
Teu perfume são poemas!
E tudo que nos imagino não são mais do que poemas!
Porque poesia para mim é vida!
Poesia para mim é paixão!
Ah minha cara! Entendas!
Que poemas somos! E poucos o são!
(João Baptista de Lima Guimarães)

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Querem-me acordando cedo, de cabelos cortados, barba feita;
Querem-me de traje aprumado, feliz empregado, piadas feitas;
Querem-me de pensamentos sensatos, na fila alinhado, seguindo receita;
Querem-me da moda afilhado, seguindo apressado a morte tão lenta;

Mas sabes, eles não sabem por que assim me querem;
Simples por o serem, basta para também assim me quererem?
Ora! O que tanto seremos, se o mesmo simplesmente sermos?
Sendo-nos coisa mesma, sinceramente, seríamos alguma coisa?
(João Baptista de Lima Guimarães)
Querem-me acordando cedo, de cabelos cortados, barba feita;
Querem-me de traje aprumado, feliz empregado, piadas feitas;
Querem-me de pensamentos sensatos, na fila alinhado, seguindo receita;
Querem-me da moda afilhado, seguindo apressado a morte tão lenta;
E eu? Que tanto quero? Quero que vocês vão tudo para o inferno!
(João Baptista de Lima Guimarães)

quinta-feira, 29 de março de 2012

Hei de me perder em noites escuras;
Pois noite são esses seus negros cabelos;
E quando envolto, perdido em penumbras;
Nas sombras, por guia, somente seus beijos;
Explorador que sem norte, sorte, sem meios;
Vaga e norteia-se ante único desejo;
De a noite adentrar, para de lá não mais voltar;
(João Baptista Guimarães)

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Não há mais poesia?
Quantos versos ainda pode um'alma vazia?
Só devaneios, ensejos, melancolia?
(João Baptista Guimarães)

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Sou sozinho! Mas não de mim mesmo.
Ah! Como eu gostaria de uma profunda e duradoura ausência de mim. Queria um isolamento total do meu ser, seria como se eu vivesse n’algum lugar sem alma, sem pensamentos, local sem luz, para nada ver, para nada sentir. Deixem-me só! Ou levem-me de mim mesmo, que minha companhia me é intragável!
Hoje quero apenas uma solidão plena.
(João Baptista Guimarães)

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

O objetivo da arte, a meu ver, não é outro senão o de tornar a vida um pouco mais tragável... (JB.Guimarães)

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Não esqueça neófito,
a morte, você já visitou.
Não esqueça que ao pó,
Você já retornou,
Que por elementos,
Tua vida se purificou,
Que vive entre irmãos,
Agora, sempre, em união.
(JB.Guimarães)

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

RECONSTRUÇÃO

Se o mundo não acabar por si mesmo,
nós mesmos deveríamos fazê-lo!
Arruinemos tudo! Vamos à destruição!
Ora! Qual serventia? Um mundo de sofreguidão?
Mundo de crises, crimes, ingratidão?
De que serve um mundo de solidão?
Vamos irmãos! Colocar tudo ao chão!
A luta meus caros! A profanação!
Abaixo a ordem! A religião!
Aqui! Venham! Cuspam na razão!
Apaguem as luzes, e tragam-me um caixão!
Que quando voltarmos, ferramentas em mão;
Ao oriente voltados, na sua extensão;
Construtores de templos, qual Hirão
Seremos enfim justos, perfeitos, qual Salomão!
(JB.Guimarães)
Há livros que não devem ser lidos;
Poemas que não devem ser ouvidos;
Canções que nunca deveriam ter nascido;
A arte é trágica, amarga e cruel!
(JB.Guimarães)

sábado, 4 de fevereiro de 2012

Ah poesia!
Se fosses mesmo amiga;
Simplesmente, partiria;
Pois feliz é quem não sonha;
Ou quem só de sonho vive;
Neste mundo desnecessário;
Poucos são os que sonhos atingem;
Os que na realidade, insistem;
São os tolos, pobres infelizes;
(JB.Guimarães)
Se não fosse a despedida;
Nossos lábios, beijos, cheiros;
Se não fosse o vinho;
Os toques, devaneios, anseios;
Se não fossem os olhares;
As lágrimas, o medo, o tempo;
Se não fosse a vontade;
Gemidos, desejos, teus seios;
Se não fossem os risos;
Gracejos, e nossos pretextos,
Não, não seríamos nós;
Não, não seria perfeito;
(JB.Guimarães)
Mas já a cigana me diria;
Pobre criatura! Quanta sina!
Vejo cá, na tua linha da vida;
Nos males do amor, tua ruína!
(JB.Guimarães)

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Se tu fosses flor;
Em perfumes, me perderia;
Se tu fosses cor;
Ao vislumbre, eu sorriria;
Se tu fosses ardor;
Em paixões, eu mergulharia;
Se tu fosses dor;
Aos céus, eu blasfemaria;
Por que a mim, senhor;
És sim, poesia;
És por fim, amor!
(JB.GUIMARAES)

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Todos a minha volta são tão certos de si;
Todos tão assertivos! Sabem tudo o que querem;
Sabem onde estarão daqui a 5, 10 anos;
Sabem do que gostam, do que não gostam;
Todos tão cheios de certezas, de convicções;
E eu? Ignorante de mim mesmo, quanto mais do mundo;
Não sei dizer o que quero, nem se quero querer!
Mesmo que quisesse, tantos planos, tantos alvos;
Que uma vez alcançados, não saberia que com isso fazer;
Todos sabem pelo que viver, e eu cá, sem saber a que vim;
(JB.Guimarães)

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Se de fato houvesse troca de experiências, qual como é dito, as pessoas desesperadamente tentariam proteger seus parcos trocados de vivência feliz dos embusteiros e ladrões do mundo afora.

O homem comum trancaria todas as fotos, as cartas, não ouviria mais música, nem dançaria. Afinal, ostentar é pecado! Além do mais, isso pode chamar a atenção dos invejosos e dos gatunos.

Para os mais prevenidos haveria bancos. E os banqueiros, em troca de pequenas taxas de sentimentos, guardariam a alegria alheia em magníficos e seguros cofres, e com sorte, se a experiência muito tempo ficasse guardada, até módicos juros poderiam render.

É certo que haveria de ter os desesperados, baixos, que não podendo controlar suas vontades penhorariam ou venderiam suas alegrias em troca de modas e falsos afetos. Por vezes, encontrar-se-iam nas mãos dos agiotas, que de uma só vez lhes dariam uma enxurrada de emoções, cobrando, em pequenas parcelas mensais e eternas, uma caricia, um júbilo, um regozijo.

Em um mundo de troca de experiências, também haveria de ter homens santos, que abrindo mão de toda a sua felicidade, distribuiriam a mesma aos pobres, que famintos, se arrastariam constrangidos pelas ruas, revirando as lixeiras atrás de um pedaço de emoção que o fosse.

Em um mundo de troca de experiências, as crises começariam pelo nosso egoísmo. A especulação do amanhã afortunado faria o preço dos títulos da felicidade subirem a níveis astronômicos. Porém, quando a verdade desanuviasse, a felicidade que não fora cultivada hoje seria mero papel podre.

Em um mundo de troca de experiências caberia, ao final de tudo, a miséria, a pobreza e a melancolia.

(JB.Guimarães)
E me digam: Quem no mundo não iria querer, qual Fausto, sair de braços dados pelos mundos afora atrás de aventuras junto a mais humana das criaturas?