Meu presente é um misto de lembranças
de coisas que nunca foram, que nunca se deram, tudo o que poderia ter sido, ou
vivido. Mesmo as impressões de hoje sobre ontem serão diferentes das de amanhã,
se é que há amanhã.
Meu presente é um imaginar de um futuro
que nunca se dará, simplesmente por ser exatamente isso, futuro. E no futuro
nunca chegamos, que quando lá estamos ele já é presente, quando observamos, já
é passado, e nós mesmos já somos outros, querendo outro futuro.
Nunca estou, nada sou, não tenham essa pretensão
de acharem que me conhecem. Eu sou qualquer coisa que me imagino, que é
diferente de qualquer coisa que vocês imaginam.
Vocês também, não me aborreçam, não se
afirmem, vocês são apenas impressões, sombras de uma percepção limitada, míope,
que é minha razão.
Na verdade, o que são todas as coisas? Digam-me
algo que não seja uma impressão cômoda, um sentido confortável que resolvemos
dar para um objeto, ou mais além, um sentido que nos foi passado e aceito.
Na verdade, o que somos nós? O que nos
caracteriza senão um constante e ingênuo comparativo com nosso entorno, com
nossos pares.
Que mundo existe sem o homem? Que homem
existe sem o mundo? O que é um indivíduo?
JBLG