Pela manhã deposito a esperança de que algo irá mudar, ou
pior, de que irei mudar algo, para a tarde.
A tarde empurro a mesma esperança para o dia seguinte;
No dia seguinte carrego a esperança para o final da semana;
Ao final da semana, deixo-a para a próxima;
E na próxima, é o mês seguinte que se aproxima;
É o ano que virá, da década que desponta;
Passo, passo a passo, movendo o nada para lugar algum, até o
instante derradeiro onde não haverá o seguinte;
E no instante último abraçarei o fardo para afundarmos juntos no oceano de vazio;
Busco justificar a existência com a prática de um oficio inútil.
(jblg)
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