segunda-feira, 20 de maio de 2013


Não posso nada dizer, passar indiferente, o silêncio aqui não cabe. Todavia, muito dizer soa pedante.

Um texto nunca é o que se propõe, é sempre menos, é sempre falho, as palavras não me bastam, nunca foram suficientes.

Todo poeta é um incompetente. Como poderia colocar em tinta e papel todo seu sentimento? Toda sua dor, alegria, confusão, paixão? Mal sei o que se passa em mim, mal sei sentir o que sinto, e ainda me atrevo a escrever.

Fosse eu sabedor de línguas, conhecedor de todo dialeto que busca dizer algo desse mundo, seja os de hoje ou de outrora, mas mesmo os mortos, mesmo os clássicos, também foram incompetentes.

Escrevo sem pretensão maior que tentar compreender o que não consigo dizer porque não sei sentir. E também sei que nessa ingênua tentativa de falar, nada digo, mesmo querendo muito dizer.

São só palavras onde não digo o que meu silencio teimar em dizer.

domingo, 5 de maio de 2013


Eis aqui, dos decaídos os mais esquecidos.
A porta do décimo círculo temos Dante, pena em punho, a escrever e narrar sobre os dias em que no paraíso estivera, apenas para ser taxado de louco pelos seus pares.
Não, não fostes para o céu, vistes Beatriz, santos tantos e o próprio Criador, mas lá não tem espaço para poetas.
Lamentas! Escreves! Este é teu lugar! Tua sina! A eternidade é uma interminável folha em branco que só server para deixastes registrada toda a sua dor, todo seu sofrimento. E quando te sentires exausto, narrarás indefinidamente seu martírio para uma platéia que simplesmente não se interessa.