segunda-feira, 25 de junho de 2012

Tenho que quando o sol se põe é que as flores desabrocham;
Afinal, ao fim do dia é que tenho a primavera;
Passo o dia entorpecido, guiado pelo perfume;
De flor única, que vislumbro ao horizonte;
E por ter também a claridade consciência;
De não precisar iluminar quem o caminho encontrou;
Parte então o sol, e nos ilumina a lua;
Única luz de que precisam os apaixonados;
(João Baptista de Lima Guimarães)

terça-feira, 19 de junho de 2012

Eu? Ah! Eu não faço parte de nada disso;
Não, eu não quero estar onde todo mundo quer estar;
Não me apetece também chegar aonde eles querem chegar;
Tampouco me sinto bem nos lugares onde esses que se dizem diferentes estão;
Na verdade, querendo ser tão diferentes se tornam tão iguais aos que não querem ser iguais;
Talvez a culpa seja do querer... É um denominador em comum.

(João Baptista de Lima Guimarães)
Carta para Sophia

Sabe Sophia, eu realmente gostaria de ter um mundo melhor para lhe apresentar.

A primeira vista você vai chegar a um paraíso tecnológico, chegamos ao ponto de dobrar a natureza para atender nossos caprichos. Vencemos distâncias terrenas e já nos atrevemos a postular sobre o infinito, seja ele no macro ou microcosmos. Olhando assim, somos até digno de certo mérito.

Avançamos sim! É fato! Porém não sem nos perdemos de nós mesmos. Desejamos felicidade e esperamos encontrá-la, entretanto, não temos a mínima ideia do que ela é, muito menos do caminho a seguir. O que fazemos então é aceitar, por preguiça ou ingenuidade, as fórmulas que nos são dadas. E sabe Deus por quem criadas...

Temos fórmulas para tudo. Basta seguir a fila, há lugares, modas, jeitos e trejeitos de ser sério, há lugares e formas de ser louco, e há carreiras e espaço para cada um, e para todos. Mas isso só se você quiser seguir a fórmula e não ousar ser diferente.

Nos tempos de hoje o pensamento é livre, mas somente se levar as mesmas conclusões de todos.

Sophia, o que tenho é um mundo onde as palavras que definem o homem são: câncer, depressão, ataques cardíacos, carência e consumismo. Certamente você vai se deparar com isso, acho improvável que o mundo mude quando você estiver na idade de discernir as coisas. Mas quando lá chegares Sophia, de frente a fila, a constante da fórmula, pense sobre qual opção tomar.

Lembre-se: O mundo só é nosso quando o tomamos para nós, vão querer lhe ditar tudo, suas roupas, seu linguajar, suas músicas, com quem falar, o que gostar, o que criticar, mas nunca deixe que sonhem por você!

Eu desejo para você uma boa infância, que brinque, tome chuva, corra, cante, se machuque, que seja criança. Não substitua isso pelas quinquilharias tecnológicas que vão lhe arrodear.

Quando virares moça, viva intensamente seus romances seus amores. Há de sofrer, que é da juventude sofrermos por amores platônicos, porém também partimos corações desavisados, é da vida. E sê ingênua quando amares Sophia! Só atingimos a plenitude no amor quando somos ingênuos.

Faça o que gosta, estude o que gosta, trabalhe no que gosta, converse sobre o que gosta com pessoas que gosta, case-se com quem você gosta, viva o que gosta e busque sempre isso na sua vida. Todavia, tenha em mente que nem sempre isso será possível, porém, não se desespere nem se aflija, é assim mesmo.

A vida passa por nós assim como passamos por ela, e assim estamos nessa valsa até o momento que partimos. E fatalmente partimos! Por isso, quando estiveres imersa na loucura que a vida lhe impuser, olhe a sua volta e dê risada, porque só o que é poesia vale a pena.

 Enfim Sophia, sê feliz!

 (João Baptista de Lima Guimarães)

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Sonho (Prelúdio)

Sei que sonho, todavia, não deixo de me perguntar se quem vejo não é mesmo você;
E se você aqui está, dentro do meu sonho, não estaria você também a sonhar?
E se estamos ambos a sonhar o mesmo sonho, de quem será?
Sonho meu? Sonho seu? despertar?
Não, não quero mais acordar!
Prefiro a realidade assim, sonhada.

(João Baptista de Lima Guimarães)

segunda-feira, 4 de junho de 2012



Provocações

Sim! Eu tenho tempo!
Eu posso lhe ouvir!
Eu cheiro flores nos parques!
Dou risada dos pássaros nas praças!
Risadas! Imagine!
Sinto a chuva no rosto!
Sim! Eu! Eu mesmo!
Passo a noite contemplando a lua!
E quando percebo o sol está a nascer!
Passo horas inteiras sem fazer nada!
Ouviu? Absolutamente nada!
E você? Não pode nem cogitar isso...
O quê você vai fazer?
Revolver-se em ódio?
Tomar remédios?
Sinceramente, querendo, poderia até ser feliz!

(João Baptista de Lima Guimarães)

E se todas as verdades fossem mentiras?
E se todas as mentiras se descobrissem verdades?
E se toda a certeza firmada fosse dúvida?
E a dúvida fosse nossa única certeza?
E se toda a bondade fosse odiosa?
Simplesmente por não ser bondade?
E toda a perversidade adorável?
Só por ser humanidade?
E se toda razão fosse embriaguez?
E toda loucura sobriedade?
E se fosse Deus o diabo?
E o próprio diabo sagrado?
E se fosse o amor um horror?
E o próprio horror digno de louvor?
E se tudo aqui escrito fosse verdade?
Ainda sobraria coragem?
A sorte é que só escrevo bobagens...
(João Baptista de Lima Guimarães)

domingo, 3 de junho de 2012


Capítulo I
Ivan Coimbra

Era uma boa família, moravam em casa própria, tinham automóvel e vez por outra se permitiam sair para um e outro jantar e até uma e outra viagem, bem raras e espaçadas, é verdade, destas que fazemos para ver parentes que mal conhecemos ou quando algum resolve-se ir tentar a sorte noutros planos, ou qualquer outro lugar que a providência ache cabível. Era uma vida pacata, sempre a fora, destas que dão sono de ver e de viver.

Falemos então do nosso personagem, seu nome, que ele tanto gostava e se orgulhava, era Ivan, Ivan Coimbra. De boa educação, olhos negros, intensos, e cabelos hoje não tão negros, nem tão intensos. A natureza se enjoa rápido dos homens, teima em mudar-lhes e muitas vezes para pior com o passar do tempo. Não era lá muito alto, mas não o tenha por baixo, era de estatura dita mediana. Um tanto taciturno, porém sem nunca perder a gentileza, Ivan era dono de um sorriso agradável, por mais que o economizasse.

Gostava de boa leitura, de boa comida, de boa música, de bons vinhos, de bons filmes e de boa companhia, o mais difícil de encontrar diga-se de passagem. Já na juventude se aborrecera com seus pares, preferia estar com os mais velhos, sabia mais dos costumes dos que antes dele vieram do que propriamente os da sua época. E vos digo leitor, sou da opinião de que fez bem nosso personagem, pouco ou nada se aproveitava daqueles tempos, tampouco daquelas pessoas.

Quanto ao Ivan como pessoa, posso dizer que este era de fácil trato até o momento que se tornava íntimo, Ivan era um artista quando o queria, cativava facilmente com um jeito amável e doce, sempre solicito, sorriso estampado, todavia, somente com o tempo e alguma observação se poderia compreender quem realmente era Ivan.