Tenho que das maiores provas da indiferença da vida é a minha própria existência, o simples fato de eu estar vivo.

Dentre tantas infinitas possibilidades, tantas outras histórias, tantos outros possíveis indivíduos que poderiam/deveriam ser tão mais apaixonados, eis-me aqui, reles, medíocre, amargo e entediado.

Sou filho do desdém divino com o despropósito do nada...

Sou um desperdício de consciência jogado ao tempo.

(jblg)

Quando eu me encontrava na metade da jornada, achei-me metido em um jogo tenebroso. Como na maioria dos jogos, decisões ruins levavam a ruína, as boas, a uma promessa de redenção.

Comecei devendo, não tinha dinheiro, me fizeram um empréstimo que depois descobri ser impossível de se pagar... Voltei a mesa, não sabia jogar, não conhecia as regras, tentei imitar o movimento dos outros, porém eles também não sabiam. Todos perdiam, se embriagavam, e se endividavam. 

Não havia espaço para técnica, estratégia, nem sorte, somente a derrota era certa. Tampouco havia saídas, nem portas, nem janelas, somente um eterno, tedioso e sádico embaralhar de cartas.

(jblg)

Ego sum via veritas et vita

A miséria do próximo só é miséria (e digna de compaixão), se reafirma minha própria opinião, do contrário é castigo, é punição;

A justiça só é verdadeiramente justa se julga, condena e pune (de preferência mata), iluminada pela luz da minha razão, do contrário, é vilania, é corrupção;  

A ciência só é ciência se concorda e confirma minhas verdades, crença e intuição, do contrário, é charlatanismo, erro e superstição.

(jblg)

Cidadão de bem

A bem da verdade, o cidadão de bem, bem-aventurado julga o benfeitor que executa bem a abençoada missão de bem proteger seu próprio bem;

Bendizendo, o que bem me preocupa é quanto o cidadão de bem bem sabe o quanto do bem tem sacrificado em nome do bem;

Me parece bem estranho, matar em nome do bem;

Veja bem, julgar bem-feita a morte de alguém?

Bem... Analisando bem, bem me parece o que o próprio diabo não deixa de ser um cidadão de bem;

(jblg)