segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Se de fato houvesse troca de experiências, qual como é dito, as pessoas desesperadamente tentariam proteger seus parcos trocados de vivência feliz dos embusteiros e ladrões do mundo afora.

O homem comum trancaria todas as fotos, as cartas, não ouviria mais música, nem dançaria. Afinal, ostentar é pecado! Além do mais, isso pode chamar a atenção dos invejosos e dos gatunos.

Para os mais prevenidos haveria bancos. E os banqueiros, em troca de pequenas taxas de sentimentos, guardariam a alegria alheia em magníficos e seguros cofres, e com sorte, se a experiência muito tempo ficasse guardada, até módicos juros poderiam render.

É certo que haveria de ter os desesperados, baixos, que não podendo controlar suas vontades penhorariam ou venderiam suas alegrias em troca de modas e falsos afetos. Por vezes, encontrar-se-iam nas mãos dos agiotas, que de uma só vez lhes dariam uma enxurrada de emoções, cobrando, em pequenas parcelas mensais e eternas, uma caricia, um júbilo, um regozijo.

Em um mundo de troca de experiências, também haveria de ter homens santos, que abrindo mão de toda a sua felicidade, distribuiriam a mesma aos pobres, que famintos, se arrastariam constrangidos pelas ruas, revirando as lixeiras atrás de um pedaço de emoção que o fosse.

Em um mundo de troca de experiências, as crises começariam pelo nosso egoísmo. A especulação do amanhã afortunado faria o preço dos títulos da felicidade subirem a níveis astronômicos. Porém, quando a verdade desanuviasse, a felicidade que não fora cultivada hoje seria mero papel podre.

Em um mundo de troca de experiências caberia, ao final de tudo, a miséria, a pobreza e a melancolia.

(JB.Guimarães)

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