domingo, 3 de junho de 2012


Capítulo I
Ivan Coimbra

Era uma boa família, moravam em casa própria, tinham automóvel e vez por outra se permitiam sair para um e outro jantar e até uma e outra viagem, bem raras e espaçadas, é verdade, destas que fazemos para ver parentes que mal conhecemos ou quando algum resolve-se ir tentar a sorte noutros planos, ou qualquer outro lugar que a providência ache cabível. Era uma vida pacata, sempre a fora, destas que dão sono de ver e de viver.

Falemos então do nosso personagem, seu nome, que ele tanto gostava e se orgulhava, era Ivan, Ivan Coimbra. De boa educação, olhos negros, intensos, e cabelos hoje não tão negros, nem tão intensos. A natureza se enjoa rápido dos homens, teima em mudar-lhes e muitas vezes para pior com o passar do tempo. Não era lá muito alto, mas não o tenha por baixo, era de estatura dita mediana. Um tanto taciturno, porém sem nunca perder a gentileza, Ivan era dono de um sorriso agradável, por mais que o economizasse.

Gostava de boa leitura, de boa comida, de boa música, de bons vinhos, de bons filmes e de boa companhia, o mais difícil de encontrar diga-se de passagem. Já na juventude se aborrecera com seus pares, preferia estar com os mais velhos, sabia mais dos costumes dos que antes dele vieram do que propriamente os da sua época. E vos digo leitor, sou da opinião de que fez bem nosso personagem, pouco ou nada se aproveitava daqueles tempos, tampouco daquelas pessoas.

Quanto ao Ivan como pessoa, posso dizer que este era de fácil trato até o momento que se tornava íntimo, Ivan era um artista quando o queria, cativava facilmente com um jeito amável e doce, sempre solicito, sorriso estampado, todavia, somente com o tempo e alguma observação se poderia compreender quem realmente era Ivan.

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