Detalhes nos vem a frente;
Fatos quase imperceptíveis;
Por sorte um coulp d’oeil; (golpe de vista)
Nos salva de grande injustiça;
Conto apenas uma história trivial;
Ingênua, besta até eu diria;
Aviso já para não decepcionar;
Se prosseguires, sejas bem vindo;
Atrás de um corpo frágil;
Arqueado pelo peso do tempo;
Eis um velho senhor;
Que apenas sentado, aguarda;
Sol, vento, chuva, frio, desconforto;
Cercado de escândalos e agressões;
Da grande metrópole que grita;
Ele lá, inquebrantável, contempla;
Dia após dia, no mesmo local;
Já é parte desta paisagem;
Por não chamar atenção o noto;
E me pergunto o que espera;
Espero também que me perdoe;
Por mais que ignore que o observo;
Mas quando todos correm;
Difícil é entender quem permanece;
Certo dia bem compreendi;
Largando a imobilidade ele sorriu;
Levantou-se como que esquecendo a idade;
E abraçou sem timidez a menina tímida;
Se sua filha, neta, não o sei;
Sei apenas que vi o fim da espera;
De mãos dadas conversavam amenidades;
De mãos dadas e todo ouvidos, partiram;
Mais surpreso fiquei quando me vi;
Contemplando quem contemplava;
Imerso na mesma paz do velho;
Enternecido apenas com sua espera;
Hoje passarei pelo mesmo caminho;
Estimo novamente o ver lá, sentado;
Quem sabe um dia eu aprenda a aguardar;
Apenas para sorrir e abraçar.
(JB.Guimarães)
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