quinta-feira, 23 de abril de 2009

Esperas alheias

Detalhes nos vem a frente;

Fatos quase imperceptíveis;

Por sorte um coulp d’oeil; (golpe de vista)

Nos salva de grande injustiça;


Conto apenas uma história trivial;

Ingênua, besta até eu diria;

Aviso já para não decepcionar;

Se prosseguires, sejas bem vindo;


Atrás de um corpo frágil;

Arqueado pelo peso do tempo;

Eis um velho senhor;

Que apenas sentado, aguarda;


Sol, vento, chuva, frio, desconforto;

Cercado de escândalos e agressões;

Da grande metrópole que grita;

Ele lá, inquebrantável, contempla;


Dia após dia, no mesmo local;

Já é parte desta paisagem;

Por não chamar atenção o noto;

E me pergunto o que espera;


Espero também que me perdoe;

Por mais que ignore que o observo;

Mas quando todos correm;

Difícil é entender quem permanece;


Certo dia bem compreendi;

Largando a imobilidade ele sorriu;

Levantou-se como que esquecendo a idade;

E abraçou sem timidez a menina tímida;


Se sua filha, neta, não o sei;

Sei apenas que vi o fim da espera;

De mãos dadas conversavam amenidades;

De mãos dadas e todo ouvidos, partiram;


Mais surpreso fiquei quando me vi;

Contemplando quem contemplava;

Imerso na mesma paz do velho;

Enternecido apenas com sua espera;


Hoje passarei pelo mesmo caminho;

Estimo novamente o ver lá, sentado;

Quem sabe um dia eu aprenda a aguardar;

Apenas para sorrir e abraçar.

(JB.Guimarães)

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