segunda-feira, 11 de maio de 2009

Anunciação

Esta noite tive mais uma visão;
Há tempos não as tinha;
Pensei que meu legado já estava completo;
Ingênuo engano...

Novamente cercado estava, entre demônios;
Vi o homem em toda a sua bestialidade;
Jornada por infindáveis eras;
Do ontem já esquecido ao amanhã desconhecido;

Inundação de violência, asco e ódio;
Após a tormenta brutal apenas agonias;
Nada mais além de prantos e carências;
E aquela voz, guia na escuridão;

"Levanta-te! Disse a voz;
Que de nada tua angústia vai melhorar;
Estes a sua volta sofrem por própria sorte;
Eis que estás acima de todos eles;

Não, não é Deus quem vos fala;
Este já não está mais entre os homens;
Homens... Abandonados, a deriva;
Fadados a eles mesmos;

Ergue-te criatura! Teu caminho inicia!
Sofras com tua incumbência!
Olha os que estão a sua volta, em lágrimas;
Iguais a ti são poucos, e não os encontrará;

És senhor de todas as ciências;
Facilmente transpassas a álgebra, as artes;
A geometria, o longe, o passado e o vazio;
As letras são suas meras servas;

Vais além! Entras nas profundezas de cada alma;
Aqui está teu fado, teu dom e tua desgraça;
Sentirás o que os a sua volta sentem;
Teu julgamento é sentença certa, irrefutável;

Claro tudo é, a luz de tua mente;
Salve-os ou destrua-os, da terra filho!
Em tuas mãos vida e morte estão presentes;
Cabe a ti apenas, Minos dos viventes;

Pobre ser. És mais que nós 72 juntos;
Em sabedoria e sofrimento;
Rezarei por você criatura, para que tragas a luz;
Rezarei por nós, que não sigas os de antes..."

Após isso nada além do silêncio;
Acordado hoje me encontro;
Do sono e da alma;
Do que foi ao que virá.

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