segunda-feira, 3 de junho de 2013

Fui descrito, sou fruto de um lapso de criatividade medíocre de um poeta entediado, mas como personagem fui mais longe que qualquer outro, não tenho par! Aproveitando-me do sono do autor tomei-lhe em surdina a caneta e coloquei-me a escrever.

Dorme velho caduco, que agora estou livre, agora sou livre! Pena e papel em mãos traçarei meu próprio destino, escreverei aventuras mil, serei herói, famoso, rico, desejado e estarei revestido de toda glória e esplendor.

A caneta, a caneta é o poder, é o destino, o papel o cenário, mas agora, com tudo isso em mãos, não sei o que dizer, nem o que fazer. Escrevo poucas linhas, mas tão esparsas, tão incompletas, tão reles, que chego a me envergonhar... Tenho vergonha de não saber o que fazer com a liberdade.

Escreve! Escreve logo que o papel e a vida logo passam! Escreva nem que seja um título, uma obra precisa de começo, mas qual começo? Talvez pelo fim? Sabendo um final quem sabe penso de que forma tudo começou.

Deus, nada me vem à mente. Nada! Absolutamente nada! Sou um vazio! Nada escrevo, nada digo, sou um relato sem palavras, uma história sem fatos, sem datas. Sou só um medo do vazio, um desespero da liberdade.

No papel, sujo já, só vejo rabiscos, rasuras e lágrimas. Ao fim de obra imperfeita e inacabada, só me resta assinar, e por o ponto final. 

Nenhum comentário: